14 de dezembro de 2009

Nem um pseudo Pingo Doce de civismo

No outro dia fiquei abundantemente Revoltado.
De verde passei para roxo e já estava capaz de bater em alguém que fosse mais baixinho e mais magrinho do que eu.
Esta não foi a primeira vez que tive problemas no Pingo Doce, mas desta empreitada até chamaram o segurança para me segurar pelo colarinho e pontapear-me dali para fora ao som distinto da música do Pingo Doce.




Ora no outro dia eu e a Cláudia fomos ao Pingo Doce tomar o pequeno almoço. Chegámos e fomos para o fim da fila e esperámos 10 minutos até sermos atendidos.
Quando acabámos de ser servidos já não havia mesas pois as poucas anteriormente disponíveis tinham sido conquistadas por inquisidores sem compras, sem tabuleiro da comida, sentadas a olhar para o vazio sem nada que fazer. Assim tipo a assembleia.

E assim ficaram os griséus em pé, de tabuleiros nas mãos e sem sítio para comer, enquanto a barrinha da revolta se enchia, e foi ao ver uma pérola ao fundo da sala que a barrinha chegou aos 100%: Quatro mesas reservadas, ocupadas por nada mais nada menos do que uma espanhola, sem um único tabuleiro de comida.
Não dava para ignorar, 4 mesas davam para 16 pessoas, era impossível não sentir Revolta e antes que a 'nuestra hermana' pudesse dar por isso já lá estávamos nós sentados, lá no fundo na outra ponta dessas 4 mesas.
Prontamente, a espanhola começou a emitir uns ruídos esquisitos da boca que não dava para perceber se estava a falar ou se era um alarme anti-roubo. Ou então era da música do Pingo Doce.
Pelo ângulo das sobrancelhas da senhora, deu para perceber que queria que me levantasse, pois as mesas estavam "reservadas".

Kross: "Reservadas, minha senhora? Vocês chegaram aqui e ocuparam logo uma mesa e depois é que foram para a fila. Nós já estivemos na fila, fomos atendidos, temos tabuleiros e agora precisamos de uma mesa para comer."

Alarme1: "Uéeeeeeeeeummmm uéeeeeummmmmmm uéeeeeeummmmm!"

Kross: "Não minha senhora, primeiro temos que ser atendidos, depois é que vamos para as mesas, já com o tabuleiro da comida."

Alarme1: "Uiiuunn uiiuunn uiiuunn uiiuunn uiiuunn!"

Kross: "Ai os familiares estão na fila dos pratos quentes à espera de serem servidos? Então quer dizer que se o prato levar 1 hora a ser feito, é 1 hora que 4 mesas ficam inutilizáveis, mesmo estando vazias."

Nisto surge um segundo alarme, ou seja, já toda a gente rebolava no chão e definhava com dores enquanto tentavam tapar os ouvidos. Toda a gente menos os funcionários, cujos ouvidos já se haviam arruinado há muito, devido à (já toda a gente sabe como isto vai acabar) música do Pingo Doce.

Alarme2: "Bibibi biiiiibiiiii bibibi. Bibibi biiiiibiiiii bibibi". (Esta parecia o toque especial de mensagem da Nokia)

Kross: "Quer dizer que vocês nem sabem quanto mais tempo vão ter de esperar para serem servidos mas não me podem deixar sentar aqui durante 5 minutos enquanto como uma sandes e me levanto, antes de vocês voltarem para comer?"

Alarme2: "Bauau bauau bauau." Agora estava a latir - a Cláudia já tinha desmaiado e eu já sangrava dos ouvidos.

Devíamos ter ido ao restaurante indiano. Lá o empregado está ausente metade do tempo porque trabalha simultaneamente como técnico de apoio informático por telefone para a Microsoft, e ainda vai vender rosas, mas pelo menos temos lá sempre mesa.
O alarme2 dirigiu-se para trás de mim e fiquei com a sensação que me ia levantar pelas axilas para me tirar dali, mas logo reparámos que tinha ido chamar o segurança.
A confusão venceu o bom-senso e o caos irrompeu no restaurante do Pingo Doce, tipo saloon num filme de cowboyada ou o dia D, a batalha na Normandia, com gente a explodir e pernas a saltar.
Nisto o segurança chegou e era o irmão da Cláudia.

Com um enorme esforço físico, lá ouviu as bojardas estridentes da senhora espanhola, já com a massa cefálica a escorrer-lhe pelas narinas abaixo enquanto a Cláudia lá recuperou forças e cambaleou em direcção a uma mesa que havia ficado livre depois de várias casualidades no meio dos tumultos. Parecia Woodstock 99 mas em vez de música 'boa' era a do Pingo Doce.
Desviámos restos de pernas para termos espaço para nos sentarmos na mesa nova e lá começámos a comer, indignados. As senhoras espanholas não se sentaram para comer até 15 minutos desde o início da confusão, andavam dum lado para o outro a deambular a escolher maionesezinhas e saladinhas até que gritei a uma: "EPÁ VÃO MAS É COMER!", palavras que se perderam no meio dos distúrbios.
Dispensámos gentilmente uma das nossas cadeiras a uma senhora que precisava de colocar o diafragma do marido.

Quando acabámos de comer, uma velhota desprovida de tabuleiro aproximou-se para ocupar a mesa. Era o que faltava, com montes de gente nas filas sem ter onde colocar o diafragma.
Ali mais à frente, outra senhora deambulava de tabuleiro na mão, já quase em sufoco, parecia um boneco dos SIMS quando ficam bloqueados no caminho. Chamei-a e disse-lhe para se sentar na nossa mesa, que já estávamos a acabar.
A senhora de idade ficou atónita. Azar. para a próxima vá primeiro para a fila como as pessoas que têm civismo e pode ser que eu lhe dispense a minha mesa.

3 comentários:

  1. 'Dispensámos gentilmente uma das nossas cadeiras a uma senhora que precisava de colocar o diafragma do marido.'

    LOOL!
    gostei dos alarmes.. e do facto do segundo alarme ser o irmao da claudia hahah!

    pena q ele n possa desligar a musica do Pingo Doce..

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  2. É por isto que eles são "nuestros hermanos" e não "nuestros amigos"... é que a familia não se escolhe.

    Eu que o diga que tive de viver durante uns tempos em território inimigo.

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  3. É que a espanhola ainda vinha com o descaramento de me vir levantar da cadeira!
    Para além de ter sempre de aturar aquela empregada fantastica, tive que ouvir uma peixeirada omg!
    Não gostam do nosso país, fala mal e dps veem pa cá ocupar territtório!

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