É que não nos deixam descansados!
Na minha adolescência divertia-me a atiçar o meu primo, dez anos mais novo, chamando-lhe nomes até ele ficar completamente irritado. Achava piada ver o puto todo vermelho de raiva, vá-se lá saber porquê. Só que à medida que ele crescia ia ficando mais dificil de o espicaçar, o desafio era cada vez maior.
Cá me parece que é precisamente isso que o governo tenta fazer a nós griséus, do tipo "porra, a gente faz tanta coisa revoltante e mesmo assim aqueles griséus não reagem, temos de inventar algo mais grave".
A atrocidade de que falo são as demolições das habitações na Ria Formosa, plano elaborado pela sociedade Polis Ria Formosa e apoiado pelo governo.
Não deixa de ser irónico o facto de a Polis Ria Formosa ter notificado os proprietários das habitações na Ilha do Farol até ao dia 24 de Abril, um dia antes das comemorações dos 41 anos do 25 de abril, um dos dias mais importantes das história de Portugal, um dia do povo, o dia da tão aclamada liberdade.
É mesmo para humilhar à força toda.
Argumentam os grandessíssimos "filhos deputados" do governo e da Polis, de forma fria e insensível que as casas foram construídas ilegalmente e que por isso têm de ser demolidas.
Ok, têm a lei do lado deles mas nem sempre a lei é sinónimo de moralidade.
Há que notar que não estamos a falar de duas ou três casas, construídas há meia dúzia de anos. São habitações mais velhas que eu e que muitos ministros, que foram herdadas, muitas pagaram impostos, outras tantas servem de forte apoio a atividades profissionais (sim, no Algarve também há quem trabalhe, isto não é só para passar férias), formam verdadeiras comunidades e fazem parte da identidade da região.
Será que o mais correto a fazer do ponto de vista ético e moral é aplicar a lei de forma dura e crua?
A filosofia hitlerista da Polis e do Governo. |
Mais imoral se torna quando a lei não é igual para todos, como no caso denunciado pelo grupo SOS Ria Formosa, onde o empresário Armando Pereira construiu uma mansão ilegalmente numa reserva ecológica no Minho, contra os pareceres de entidades oficiais mas que recentemente o governo lá o permitiu legalizar a sua "casinha" de férias.
Ou seja, um rico com uma casa de férias há poucos anos pode, centenas de pobres com casas com dezenas de anos, algumas de primeira habitação e outras de apoio a atividades profissionais já não podem.
Outro argumento utilizado pela Polis, ainda que muito ocasionalmente, foi o de motivos ambientais.
Ocasionalmente porque já não enganam ninguém.
Se a preocupação destes hipócritas fosse mesmo o ambiente dariam prioridade na resolução dos imensos problemas de poluição que todos conhecem, que até já foram falados imensas vezes aqui nos griséus e por muitos outros blogs, jornais e televisão durante anos e anos.
Rever por exemplo este artigo do griséu Nel em 2009:
"Smells like Ria Formosa"
A merda é tanta que até transborda. Qualquer semelhança com a Assembleia da República não é pura coincidência. |
Já toda a gente percebeu que o verdadeiro objetivo será a construção de resorts de luxo, como foi feito em muitos outros lado da Ria Formosa, como se pode ver em mais um excelente artigo do grupo Ria Formosa em http://sos-ria-formosa.tumblr.com/post/116214682544/as-leis-do-ambiente-parte-2
Isto foi basicamente confirmado pelo presidente da Câmara de Faro ao afirmar "Não garanto que depois das demolições não será construído algo lá".
Com isto tudo, faz sentido a Polis ter denominado o seu plano de POOC, já que o objetivo é mandar as comunidades todas POOC-aralho e venderem aquilo tudo.
Há muito mais a dizer, a denunciar e a revoltar sobre este assunto.
Felizmente o grupo SOS Ria Formosa tem feito um excelente trabalho nesse sentido.
Podem então acompanhar a luta incansável da população das ilhas barreira na página oficial do referido grupo em http://sos-ria-formosa.tumblr.com/ ou no facebook http://www.facebook.com/SOSRiaFormosa
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